Sabia que o cesto de lixo não é o único fim possível para os restos de comida? A solução ideal para dar um destino mais sustentável aos resíduos orgânicos gerados na cozinha chama-se compostagem, que nada mais é do que o processo de transformação de sobras de frutas, verduras e outros materiais orgânicos em adubo, por meio da ação de micro-organismos. Um método simples, seguro e que pode ser feito em casa!
Entenda por que compostar
Compostar é um hábito de consumo consciente, uma vez que demonstra a preocupação em dar o destino mais sustentável aos restos de comida. Essa prática é também reciclar resíduos orgânicos, pois a partir desse processo eles ganham um novo fim: viram adubo riquíssimo em nutrientes.
O composto resultante da compostagem possui minerais como nitrogênio, fósforo, magnésio, cálcio e potássio, que são liberados lentamente para as plantas os absorverem em quantidades ideais. Graças à abundância de nutrientes, esse adubo enriquece solos pobres, ajuda a reter água e reduz a erosão.
Em casa, pode ser utilizado nos vasos de plantas e na horta. No condomínio, nos jardins das áreas comuns. E até no próprio bairro, para adubar áreas verdes de praças.
Além de resultar em um adubo de alta qualidade, a compostagem traz ganhos ambientais. Quem opta por esse processo também passa a contribuir para a diminuição do volume de resíduos destinados a lixões e aterros. Assim, ajuda na redução das emissões de metano, gás produzido na decomposição dos restos orgânicos e que causa o efeito estufa.
Segundo a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina, estudos indicam que, ao compostar, uma pessoa evita que, em média, 230g de resíduos orgânicos sejam enviados para o aterro diariamente. Isso representa quase ¼ dos resíduos que um brasileiro gera por dia.
Conheça os tipos de compostagem
Basicamente, existem dois tipos de compostagem: a com minhocas e a sem. As duas resultam em compostos de ótima qualidade, o que varia é o tempo de transformação dos resíduos orgânicos em adubo.
A compostagem com minhocas (ou vermicompostagem) é mais conhecida e mais utilizada em ambientes domésticos. Nela, o sistema digestivo dos animais converte os restos de comida em adubo, que costuma ficar pronto entre 6 e 12 semanas. O processo gera ainda o chorume, um líquido que também pode ser utilizado em vasos e jardins como biofertilizante, basta dissolvê-lo em água.
Na compostagem seca, quem faz o trabalho são os próprios micro-organismos presentes no solo. Por isso, o processo é mais lento e depende também da quantidade de resíduos acumulados.
Os dois tipos podem ser feitos em caixas plásticas, de fibrocimento ou latas, e a compostagem sem minhocas ainda pode ser realizada no próprio solo, opção bem utilizada em sítios e fazendas, por exemplo.
Tanto na compostagem com minhocas quanto na sem, o segredo está em intercalar porções de restos de comida com porções de material seco (palha, folhas secas, serragem de madeira virgem ou grama seca). É preciso “esconder” o resíduo orgânico depositado com material seco para garantir o equilíbrio do ecossistema. Depois, ao depositar novos resíduos, é necessário misturar bem. A oxigenação ajuda na ação dos micro-organismos e evita mau cheiro.
Aprenda a montar e a usar a sua composteira
Para se ter uma composteira em casa, recomenda-se a compostagem com minhocas. Mas não se preocupe, pois é muito simples montá-la e cuidar da sua manutenção:
- Compre três caixas plásticas (de 30 x 40 x 15 cm de altura para famílias com até duas pessoas; de 45 x 60 x 30 cm de altura para famílias com até cinco pessoas);
- Com uma furadeira, faça buraquinhos de 0,5 centímetro de diâmetro em duas das caixas. É por eles que as minhocas migram de uma caixa para a outra e o chorume cai até a caixa de baixo;
- Em uma das caixas furadas, coloque um pouco de terra e minhocas (cerca 0,5 litro). Essa caixa é chamada de digestora. Portanto, é nela que você vai depositar o material orgânico (os restos de alimentos) e o material seco (serragem ou folhas secas, por exemplo) por cima. A proporção deve ser sempre 2:1;
- Em seguida, empilhe as caixas: a de baixo é a que não tem furos e deverá ficar vazia. Ela servirá para o armazenamento do chorume. A caixa do meio também deverá ficar vazia e só será utilizada quando a do topo estiver cheia (rodízio de caixas). A do topo é a digestora;
- Quando a caixa do topo estiver completamente cheia, passe-a para a posição do meio e coloque a que estava no meio no topo. As minhocas permanecerão na digestora, ou seja, no andar do meio, produzindo o adubo, enquanto você começa a despejar os restos de alimento na caixa vazia que está no topo. Quando ela tiver quantidade considerável de resíduo, as minhocas subirão para lá e a compostagem será feita nos dois andares;
- Entre 6 a 12 semanas o adubo estará pronto. Ele deve apresentar um aspecto o qual não é possível distinguir os tipos de material. O volume será reduzido de 50% a 75%, a coloração provavelmente será escura e, ao pegá-lo nas mãos, estará um pouco escorregadio;
- Misture o adubo com terra. Use-o em vasos e jardins para plantar o que quiser, de verduras a flores.
O que pode e o que não pode colocar na composteira
Além de sempre cobrir os restos de alimentos com material seco e mexer o composto periodicamente para ajudar na oxigenação, ainda é preciso ter em mente o que pode e o que não pode ser despejado na composteira.
Alguns exemplos de coisas que podem são frutas, vegetais, cascas de ovo, borra de café e filtros, saquinho de chá, cereais, arroz, massas cozidas, bolos, ervas secas, resíduos de jardim, grama cortada, plantas de casa, folhas, jornal rasgado, papelão, papel, guardanapo, cinzas de lareira, lascas de madeira e serragem.
Agora, o que não deve ser colocado na composteira, tenha muita atenção, pois são resíduos que podem causar mau cheiro, atrair insetos ou até mesmo dificultar o processo de decomposição:
- Laticínios;
- Frutas cítricas;
- Gorduras, graxas e óleos;
- Saladas temperadas;
- Frutos do mar;
- Restos de carne e peixe;
- Ossos;
- Detritos de animais de estimação;
- Carvão;
- Plantas doentes ou com pesticidas.
–
Está pronto para colocar a mão na massa e adotar a compostagem como um hábito do dia a dia? Confira também outros posts com ações sustentáveis que já publicamos aqui no Blog do Pão!