O Brasil é um país com um território extenso e com múltiplas características de clima e solos. Por conta disso, somos considerados como uma das maiores potências da agricultura mundial, já que é difícil encontrar um tipo de alimento que não se adapte a essa grande variedade geográfica do país.
Por que então a geografia do Brasil não seria favorável à produção de vinhos? A vitivinicultura é uma prática ainda jovem por aqui, mas que tem fornecido incríveis surpresas para o mercado dessa bebida.
Para começar a entender um pouco da produção de vinhos no Brasil, que tal aprender um pouco mais sobre as uvas que se adaptaram aos nossos vários terrois?
Riesling e Merlot: as primeiras uvas de varietais
As primeiras uvas cultivadas no Brasil foram as tradicionais Riesling e Merlot, que facilmente se adaptaram ao terroir ainda pouco explorado do país. Elas foram responsáveis por produzir vinhos varietais por boa parte do século XX, porém de maneira simples e com pouco investimento em qualidade.
Hoje, a Merlot é uma uva que representa a única região que ganhou a classificação de Denominação de Origem (DOC) aqui no país. O Vale dos Vinhedos é a casa da Merlot, que se adaptou bem ao terroir e permitiu a criação de elegantes tintos com o rigor e as características do estilo francês.
Syrah: a uva do Nordeste
A chegada da Syrah no Brasil permitiu a exploração de um terroir que sempre foi ignorado por produtores de vinho: o Nordeste. Por conta das altas temperaturas, pouca chuva e alta incidência solar, a região não parecia ser favorável para a vitivinicultura. Entretanto, a Syrah é uma uva que gosta exatamente dessas características – muito sol e calor.
As características de terroir do Nordeste permitiu que a cepa produzisse vinhos de muita qualidade na região, que se tornou a casa dessa uva no país. Além dela, a Moscato e a Chenin Blanc também se adaptaram ao clima extremo encontrado por lá.
Tannat e Cabernet Sauvignon: bons resultados no sul do país
O sul do país é uma região conhecida por sua produção de vinhos. Seu terroir se assemelha muito com o de outros países produtores dessa bebida e, por isso, sempre foi mais atraente para quem vinha desenvolver vinhos por aqui.
A Tannat, por exemplo, que é a uva símbolo da produção vinícola no Uruguai, também rende bons vinhos na divisa do Brasil com esse país. Lá os invernos são maiores e os verões são bem quentes, características que essa cepa adora. A diferença é que os Tannats brasileiros são mais delicados, contendo menos taninos que os marcantes uruguaios.
A Cabernet Sauvignon, por sua vez, se desenvolve melhor no extremo sul do Rio Grande do Sul (Serra e Campanha Gaúcha), pois precisa de verões mais secos e pouca chuva. Por lá também uvas como a Cabernet Franc, Touriga Nacional e Alvarinho se adaptaram a algumas regiões.
Uvas brancas: produzem renomados espumantes no Sul
Se existe uma produção de vinhos no Brasil que já é premiada e admirada em várias partes do mundo, essa produção é a de espumantes. Os vários microclimas da região sul do país permitiram que as uvas brancas, que se dão bem com temperaturas mais baixas, encontrassem terrenos altamente produtivos para o desenvolvimento de novos sabores.
Por isso é que uvas como a Chardonnay, a Pinot Noir e a Sauvignon Blanc se desenvolvem tão bem no terroir do Rio Grande do Sul. Na divisa desse estado com Santa Catarina, a produção dessas uvas também é responsável por excelentes varietais.
Mais especificamente na região de Farroupilha, o Brasil guarda uma de suas vitiviniculturas mais admiradas mundialmente: a da uva Moscato. Variedades dessa cepa são cultivadas na região há mais de 100 anos e já foram responsáveis por produzir diversos rótulos premiados.
Mesmo conhecendo as uvas para vinho cultivadas no Brasil e seus terrois favoritos, é preciso lembrar que as informações acima não são regras invariáveis para a produção da bebida por aqui.
Em um país com a atividade vinícola tão jovem e com tantas variedades de terroirs ainda não explorados, exceções a essas regras sempre vão existir. E é por isso que produzir vinho aqui no Brasil é um desafio tão prazeroso para muitos especialistas na bebida.
Quais uvas para vinho cultivadas no Brasil você já saboreou? Tem alguma favorita? Conte para a gente!